Muito se fala dos benefícios em utilizar a arte em sala de aula, como já mencionado no artigo anterior. Acessando o campo emocional, é instigado no discente a vontade de escrever sobre sentimentos, estruturando enunciados e significados, anulando como já mencionado aqui, a “lei do menor esforço”.
A postura do professor em relação a poesia é muito importante.
Ler o poema apenas por ler, sem alguma carga emocional pode tirar todo o prazer que é ler a trova. O aluno e o professor devem estar enredados no contexto do poeta, visto também a opinião dos alunos em relação ao que o autor estava pensando quando escreveu o poema.
A interpretação de texto é então otimizada por esse tipo de prática e discussão, como rodas de leitura, murais, atividades em duplas, e escrita de novos poemas. As ideias podem ir longe fugindo do convencional texto que os alunos estão acostumados a ler.
Um dos pontos agudos em utilizar a poesia é apontado por Wallon, não de forma direta, mas quando fala do campo da afetividade; afetivo, cognitivo e motor. Vemos em psicogenética que a inteligência do homem surge depois da afetividade, por isso mencionado acima a lei do menor esforço.
Sendo assim, segundo Wallon, “as emoções, são a exteriorização da afetividade (…). A emoção, antes da linguagem, é o meio utilizado pelo recém-nascido para estabelecer uma relação com o ser humano (…). Também os sentimentos se expressam como verdadeiras descargas de energia”. (Wallon, 1995, p. 143).
Observamos então Wallon ser o segundo teórico abordando a parte de descargos de energia e sentimentos, com todos seus proveitos já mencionados, outrossim por conta desse descargo e pelo fato de sobressaírem à inteligência, também é recomendado manter uma “baixa temperatura emocional” para então acessar essas funções cognitivas.
Diversos aspectos em relação a arte foram aqui mencionados como justificativas para serem levadas em consideração no ensino, mas acima de tudo, é imprescindível isolar a arte em si de todo o contexto cultural e sua importância. Todo contato com a arte é relevante e isso transforma o homem genérico no homem concreto, individualizando e construindo a identidade como o “eu”. Além do mais, com a difusão da internet as culturas em geral tornaram-se próximas; até por conta da globalização, assemelhando-se a cultura dos outros. Este acesso à cultura é primordial ao homem, assim como em língua estrangeira a identificar e respeitar.
Sigo então como grande inspiração para esta pesquisa, o livro “A Poesia Pede Passagem” de Jose Elias, que além de ser um livro didático para os alunos, pode tornar-se uma ótima introdução para o professor adepto ao assunto, sendo uma ótima fonte para ambos.
O atrativo ao utilizar poesia em sala de aula pode ser no campo emocional já mencionado acima, também o ensino da empatia pode ser interessante para “quebrar o gelo”. Duplas e grupos que possuem afinidade, juntamente com um poema como inspiração pode ser um bom começo e poemas com temas mais amplos é a estratégia mais apropriada. É importante mostrar ao aluno como não existe arte sem poesia, ou poesia sem língua e que existe arte em tudo; sendo assim a arte da palavra.
Escrito pelo prô Luiz Felipe Prince Gomes